12.09.2010

Sector eléctrico comparado a sistema fiscal

"Os que pagam não são os que beneficiam"

O sistema eléctrico está a ser tratado como um sistema fiscal, através do qual se factura. "Não é verdade e pode causar distorções", uma das quais é que "os consumidores que pagam não são os mesmos que beneficiam", diz o economista Pedro Pita Barros, professor de Economia da Universidade Nova e antigo administrador da ERSE.

"Se as empresas [do sector eléctrico] pagam à cabeça, é verdade que vão mais tarde recuperar nas tarifas" e as alternativas têm vantagens e desvantagens. Por um lado, o mecanismo de que o Estado se socorre protege-o das incertezas quanto a receitas futuras, mas "pode ser desajustado" em relação a quem contribui.

Admite, por isso, que há "custos com sentido", como as rendas aos municípios, por terem terrenos afectos às infra-estruturas energéticas, "custos debatíveis", em que se deveria questionar se os subsídios às renováveis não deveriam ser assumidos como política industrial ou ambiental, e "custos políticos" que "não deveriam estar de todo" no bolo dos custos pagos pelo consumidor de electricidade.

Para estas operações não serem convertidas em custos do sistema eléctrico, era necessário que o sector funcionasse em verdadeira concorrência. O economista João Confraria, com percurso em duas entidades reguladoras (Anacom e agora INAC) e professor de Economia na Católica, dá como exemplo um leilão de atribuição de frequências novas para um mercado em que as empresas actuam livremente, sem tarifas reguladas.

A opinião dominante, segundo Confraria, é que num mercado em que as empresas actuam livremente, o leilão não se vai repercutir nos preços do serviço. "É o chamado custo afundado". E se o mercado for muito concorrencial pode até nem conseguir recuperar esse custo fixo, devido ao esmagamento de margens, e o que acontece é que "ninguém vai ao leilão". Num sector oligopolista parcialmente com tarifas reguladas, como é o da electricidade, o que o Estado faz é repercutir nas tarifas a remuneração obtida no leilão, diz.


Público, 06.12.2010

9.02.2008

Tentou balear vizinho por "cismar" que ele estava a sodomizar o seu gato

Porto: depois barricou-se em casa até a PSP o convencer a abrir a porta com a promessa de lhe mostrar um relógio antigo

O indivíduo que baleou os vizinhos por acreditar que um deles, homossexual, estaria a sodomizar o seu gato, não conseguiu justificar, terça-feira, no Tribunal de São João Novo, a razão dos seus actos desculpando-se com “uma fúria” que sentiu.

“Não sei o que me deu, cismei para ali”, foi a explicação de José C., de 54 anos, perante as questões do juiz que tentava perceber a relação entre a sexualidade de uma das vítimas e o motivo dos disparos que terão atingido, acidentalmente, uma vizinha.

José C., acusado de dois crimes de homicídio qualificado na forma tentada, terá disparado sobre o vizinho, que havia resgatado o animal que tinha fugido, porque “o p… estava a fazer mal ao meu gato”, relatou o arguido.

O Tribunal de São João Novo quis ouvir mais testemunhas antes da leitura do acórdão, agendada para hoje, chamando os inspectores da PJ e PSP responsáveis pelo caso.

Pedro Simões, inspector da PJ, contou que “o sujeito teria tentado resgatar o gato de José C. e este terá interpretado mal essa ajuda pela sua orientação sexual”.

“Ouviu o gato a miar e um senhor a tirá-lo de um saco e pensou que estaria a sodomizá-lo”, explicou Fernando Mendes, sub-chefe da PSP, depois de admitir que o arguido estaria embriagado “pelo hálito e pelo discurso”.

Barricado

José C. terá então ameaçado o vizinho que se pôs em fuga, para se proteger, e tentado disparar com uma arma de fogo sobre este, acertando, porém, numa vizinha.

Após os disparos, o arguido barricou-se em casa até a PSP o convencer a abrir a porta com a promessa de lhe mostrar um relógio antigo (o arguido terá manifestado interesse por este tipo de artefactos).

“Ele sabia que tinha disparado sobre o vizinho mas não sabia se tinha morto alguém”, aclarou Fernando Mendes para comprovar que o arguido tinha consciência dos seus actos.

Durante a investigação levada a cabo pela PJ foi encontrada a arma do crime na mesa-de-cabeceira do arguido, enquanto os invólucros das balas terão caído num terreno com muito entulho.

Na sessão repetiram-se as alegações finais, tendo o Ministério Público pedido a condenação do arguido.

A leitura do acórdão ficou agendada para 28 de Julho pelas 14:00.


IOL Diário, 14.07.2008

7.10.2008

‘Professor, vou-te partir os óculos!’

Montemor-o-Velho - jovem de 12 anos tem necessidades educativas especiais

Rapaz de 12 anos ataca sobretudo docentes e funcionários. Há registo de pelo menos cinco casos na Escola Básica de Pereira desde Outubro

A atitude repete-se e começa a ser preocupante: "Professor, vou-te partir os óculos!" Ao ouvir a frase, proferida por um aluno de 12 anos, do 1º Ciclo da Escola Básica Integrada de Pereira, em Montemor-o-Velho, o docente ainda conseguiu virar-se, mas não a tempo de evitar o estrago.

'Já estava a dobrar os óculos com as mãos', contou ontem ao CM o professor, que pediu para não ser identificado, lembrando que não é a única vítima do rapaz com necessidades educativas especiais. Há pelo menos cinco casos. O aluno ataca sobretudo os óculos de docentes e funcionários. Uma das últimas vítimas foi uma 'colega que me substituiu', em Outubro de 2007, diz o docente. Após uma repreensão, por agredir outras crianças, 'arrancou-lhe os óculos da cara com uma mão e atirou-os ao chão', conta uma testemunha. Como não se partiram e a professora os recolocou na cara, 'arrancou-os novamente e esmigalhou-os com as próprias mãos'. No mesmo dia, 'atirou também ao chão os óculos de dois técnicos que prestam apoio a crianças com necessidades educativas especiais. Não se partiram, mas sofreram danos e tiveram arranjo'.

Apanhadas pela rapidez do rapaz, as vítimas ficam sem reacção

O primeiro caso registado data de 2 de Outubro de 2007 e o lesado foi um professor que já não se encontra na escola. Recentemente, 'retirou os óculos da cara a outra colega, mas por sorte não se partiram'. E também já destruiu os seus próprios óculos por duas vezes.

Sempre que destrói um par e a vítima aparece com uns novos, é normal o aluno reagir, em tom de gozo. 'Ó professora, tens uns óculos muito sexy!', recorda uma das docentes.

Alguns funcionários já escondem os óculos antes de entrar numa sala onde o rapaz esteja ou quando se cruzam com ele. 'Mal o vejo, tiro-os logo. Ele é muito rápido e quando damos conta já estão na mão dele a ser dobrados', explicou um docente.

PROFESSORES TÊM DE PAGAR A DESPESA

As vítimas dos ataques do aluno criticam o facto de terem de suportar os prejuízos. Segundo uma das docentes, o seguro escolar não cobre este tipo de danos e a mãe da criança 'diz que não está para pagar óculos a ninguém'. O professor que denunciou o caso acusa a encarregada de educação de não assumir a responsabilidade pelos actos do filho e de o ter 'induzido em erro', no sentido de prestar à companhia de seguros 'declarações que não correspondiam à verdade, referindo que se tratou de um acidente'.

A seguradora recusou pagar os estragos. 'A mãe desliga-me o telefone quando a contacto e ainda diz que a estou a importunar', refere o professor. Outra docente, que sofreu um prejuízo de 400 euros, alerta para a necessidade de alguém ter de pagar os danos.

AGRUPAMENTO AFIRMA QUE NADA TEM A DIZER

Uma responsável do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho escusou-se ontem a comentar o comportamento do estudante, limitando-se apenas a afirmar: 'Nada tenho a dizer sobre isso. O assunto tem sido resolvido.' A Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), contactada pelo CM, não se pronunciou sobre esta questão até à hora do fecho desta edição. Os professores entendem que o Ministério da Educação – ou algum dos organismos dele dependentes – têm de fazer alguma coisa para prevenir os ataques do rapaz, mas sobretudo para que os prejuízos sejam pagos aos lesados.

DETALHES

Puxão de Cabelos

Um par de óculos foi partido depois de o menor ser repreendido por ter puxado os cabelos a uma colega.

Falta de cobertura

O seguro escolar não cobre este tipo de situações. Segundo as vítimas, a legislação não contempla o pagamento de óculos.

Outras vítimas

Antes só partia os dos docentes, mas o menor já danificou os seus próprios óculos e partiu, por duas vezes, os de uma colega.

Paula Gonçalves

Correio da Manhã, 23.05.2008

7.01.2007

PERDEU-SE DA ESTRADA E ENCONTROU-SE COM A MORTE...

ASSOLADA TRAGÉDIA DE MORTE DUM JOVEM DE 19 ANOS DE IDADE

FELGUEIRAS

Na terça-feira 29, o infausto Rogério Manuel da Fonseca Ferreira, teve o conhecimento aziago que ia à inspecção militar no próximo dia 12 de Outubro.

Aquele jovem, de excelente compleição física e atlética, nascera em 14 de Junho de 1970, e fora pouco afortunado em saúde nos primeiros, e curtos, anos da sua vida.

Porém, adolescente, aquele exemplar jovem era uma pessoa muito concentrada e dava conselhos ou chamava à atenção dos seus irmãos, quando assim o entendesse, e de saúde robusta, que tanto custou a recuperar, vivia uma vida muito ponderada e relativamente feliz, nisto que para ele já não é vida...

PERITO NA ARTE DE BEM CORRER... CORREU PARA A MORTE!

Atleta da União Desportiva de Várzea, cá deste burgo, o infausto Rogério, velocista, era perito na arte de bem correr os cem metros. Neste clube encontrou a sua namorada, conhecida atleta nacional, Carla Machado, que participou recentemente nos Campeonatos do Mundo de atletismo. A par disto, o Rogério estudou até ao oitavo ano escolar, quando deixou para exercer a função de mecânico de automóveis.

Viria a ser esta de algum modo a sua funesta razão de deixar estes terrenos. – No dia em que soube que ia à inspecção militar, ao fim da tarde, o Rogério foi à oficina fazer uns biscates, mais um colega de trabalho – o Paulo, de 17 anos, que mora em Santa Quitéria...

PRELÚDIO DA GRANDE TRAGÉDIA

Cerca da meia noite, sairam da oficina e foram infortunadamente na estrada nacional que liga Felgueiras a Fafe, e ao passarem numa curva em Lameiro Morto, foi o próprio Rogério, por ironia, que alertou o facto de aquela curva ser perigosa e dever ser-se ali precavido... e não tardaram nada a regressar, quando eram cerca das 00.30 H, de quarta-feira 30, as sirenes dos B. V. de Felgueiras fizeram-se ouvir, num prelúdio de grande tragédia, porque não é hábito aquelas sirenes tocarem, porque há naquele quartel sempre alguns efectivos disponíveis, salvo se assim for necessário, e viria a ser necessário tocar outra vez...

De manhã, este redactor, que mora relativamente perto da que fora a residência do Rogério, começou por sentir a avalanche, traduziada nos rostos estampados das gentes, e o estoiro estava dado...

O infortunado Rogério cedera à morte, num fatídico acidente de viação naquela curva que antes fora ele próprio a alertar para a necessidade de precaução.

Havia recentemente adquirido um FIAT 127 900/C, com uns parcos escudos, ajudado pelos pais, o senhor Mário Ferreira e a senhora Emília Fonseca, fora o próprio Rogério que com estes tinham arranjado o aconchego do automóvel pelas próprias mãos, na habitação daqueles laboriosos e honestos pais, no lugar das Idanhas, nesta vila, operário de calçado e operária têxtil, respectivamente.

Porém, esse veículo não passa de uma grande amálgama de chapas, que serviu para cemitério do Rogério, como as fotografias documentam (já numa garagem mecânica), e a garagem do automóvel, não deixa de ser um espelho constante, naquela casa, de tão grande tragédia.

Naquela quarta-feira, esta vila de Felgueiras era uma vila sóbria: grupos de jovens de ambos os sexos, de blusas escuras ou não, todos traziam nos rostos, estampadas a sua tristeza sentida conjuntamente com os familiares que foram ver, do infortunado jovem.

UM ACOMPANHAMENTO FUNÉREO IMPRESSIONANTE

O Rogério, que fora autópsiado no Hospital de Felgueiras, de onde viria a sair para o cemitério municipal, cerca das 16 h. na quinta-feira, com enorme acompanhamento quer de pedestres, quer de automobilistas, – e eram de todas as idades e extractos os acompanhantes do malogrado Rogério Manuel da Fonseca Ferreira, que aos dezanove anos naquela que fora sorridente vida – e optimista, deixou ficar o mundo dos vivos, com grande dor para todos e profunda mágoa, na falta sentida da boa companhia que era para aqueles pais e irmãos, o exemplar malogrado.

Agora choram-no a irmã Goretti, de 25 anos, o Braulio de 17, que pacientemente nos prestou algumas declarações, daquelas que tivemos coragem para perguntar, porque mais não tivemos como tirar fotografias da imagem daquela tragédia humana, agora infestada naquele lar, infausto e obscuro sem uma luz daquele excelente jovem estimado por todos e a irmã Suzana de 14 anos.

O 127, presumivelmente a velocidade razoável, entrou na curva desorientado e entrou numa pequena ravina, de onde o Paulo, acompanhante do infortunado Rogério, foi achado quase ileso, recebendo apenas tratamentos no banco de urgência do Hospital de Felgueiras, onde perguntou pelo colega condutor, e como mais nada tinha sido visto, os prontos bombeiros voltaram ao local para encontrarem o Rogério já cadáver. Que assim, precisamente às 17 h. desceu à terra fria no fundo buraco, que não será como o fervor daquela vida que teve o jovem, e quente daquela tarde, frívola no desepero daquela mãe que apenas conseguia balbuciar os lábios sem matiz e sem voz, num rosto esbranquiçado, a despedir-se do seu «querido filho», e no rosto do pai inerte, estampada a amarga dor, viram o filho descer ao buraco, na urna coberta pela bandeira da União Desportiva de Várzea, lembrando o sacrifício que aquele malogrado filho teve em criança para sobreviver, e agora que gozava de excelente saúde, descia ali à terra funda, ao pé da avó que o criou com carinho, como se fosse mesmo ao pé, porque não se vislumbrava nada, como acontecera àquele jovem de estatura robusta, e estonteante para muitas das miúdas que ali o viram descer onde ficou o «Lindo menino» da Carla Machado, que não queria que o deixassem ir para ali; mas todos os presentes deixaram ficar ali o infortunado Rogério, jovem no seu esplendor do que seria vida.

– A lei da morte, que nós achamos que é da vida...

Nós próprios, deixámos ali lágrimas, também deixámos o Rogério ali... sem pudermos fazer nada(!)

Que descanses em paz, Rogério, junto do Deus Senhor, e se puderes pede ao Senhor que nos console, e dê acalento aos teus inconsoláveis e inconformados pais e irmãos.

Fica com Deus... já também que ficas em muitos corações!

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O veículo visto de trás: a amálgama branca do lado esquerdo é («foi»!) a porta do lugar do condutor

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O infeliz Rogério Manuel da Fonseca Ferreira, cuja morte aos 19 anos, deixou toda uma Região contristada

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Aspecto do lado mais danificado do carro... sair dali com vida, só por milagre!

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Pormenor da viatura, vista de frente, podendo-se apreciar da brutalidade do impacto

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O interior do veículo e a amálgama mortal do lado direito... o carro permanecerá guardado nesta garagem até decisão dos pais da jovem vítima

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Uma imagem de pesadelo: o interior do automóvel, ainda com resíduos de sangue

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O interior da viatura, transformado em féretro do inditoso jovem


Mário Adão Mendes de Magalhães

O Caso, 15.09.1989

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6.30.2007

ESPECTACULAR DESPISTE EM ARTÉRIA FATAL

FELGUEIRAS

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O Fiat Uno que «travou» o Fiesta

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Pormenor do Fiesta que originou o «espectáculo», que nem por isso terá ficado muito danificado


A Avenida Dr. Leonardo Coimbra, foi sempre uma artéria muito atribulada no que toca a sinistros, e dos muitos, a grande parte têm sido graves e fatais. É uma artéria que para além de muito movimentada, é via de ligação importante ao centro, tornando-a assim mais atribulada, quiçá pelos estacionamentos excessivos e indevidos, manobras impróprias e tudo mais.

Desta vez, foi um acidente provocado por excesso de velocidade, como de resto quase todos na mesma avenida, ainda que não houvessem ferimentos, pelo menos graves, a lamentar.

Cerca das 22 horas de sexta-feira, algumas pessoas que se encontravam a ver um espectáculo de cinema, no Cine-Estúdio, que se situa no Centro Comercial daquela avenida, foram chamadas, desta feita, a verem um outro espectáculo, este bem arrepiante e bem digno de figurar na tela, apesar de não ter havido intervenção de armas e explosivos usuais nos filmes, mas sim de uma amálgama de ferro e chapas por identificar, se o eram de verdade. Só que os principais intervenientes neste «espectáculo», não iam gostar do sucedido porque foram eles próprios os lesados. Pelo menos quatro.

Um Ford Fiesta, de matrícula QH-87-95, de cor cinzenta, abalroara um Fiat Uno 45, preto, de matrícula JA-19-34, estacionado ponderadamente, na berma e à sua mão, orientada para cima, como quem sobe a avenida. Só que este Uno por sua vez, como que numa cena cinéfola, com o impacto foi bater num outro Ford Fiesta, azul e de matrícula francesa 1327 SM 60, em frente igualmente estacionado. Este, por sua vez, fora ainda tocar numa carrinha Nissan de caixa aberta, QN-38-04, que ainda do mesmo modo estacionada e por estar assim, sofreu danos de pequena monta, porque como é evidente, a caixa aberta destes veículos, é mais difícil de amolgar. Mas o facto não ficaria por aqui, e não foi por acaso que se falou em «espectáculo»! O primeiro Ford Fiesta, tripulado por um senhor que soubemos chamar-se Afonso, ainda novo de idade, de quem ouvimos dizer que é vezeiro em correrias, foi embater ainda num outro Fiat Uno 45 S, também preto, de matrícula JN-59-82, mas este estacionado no outro sentido e lado da via, que fez parar o louco carro.

Mas o que é facto curioso, é que tudo aquilo juntinho, pelo que o mesmo Fiesta só tivera na sequência do despiste, de se atravessar na estrada, logo que embateu no primeiro Uno, talvez pelo impacto, e foi do modo como se encontrava na realidade, parado pelo segundo Uno.

Do resultado da velocidade excessiva, como se presume e está evidente, por sequência duma ultrapassagem mal feita a um camião, resultou o que as fotografias aqui inseridas podem minimamente documentar a brutalidade do embate que destruiu por completo o Fiat Uno do senhor José Júlio Moreira da Rocha, que havia emprestado há dias ao senhor Francisco J. Gonçalves Silva, de 23 anos de idade, mecânico (que tivera há poucos dias um outro acidente de onde o seu carro saiu para a sucata) e dava agora a possibilidade ao proprietário José Júlio de levar agora também aquele carro para o mesmo sítio.

O Fiesta de matrícula francesa, propriedade do senhor José Alberto Ganâncio, de 21 anos, ficara também fortemente danificado na traseira, ainda que na frente da viatura não tenha sofrido grande amolgadela, apesar do embate ter sido na caixa aberta da Nissan, que sofreu apenas umas lâmpadas partidas, por aquela caixa ser mais resistente. O causador de toda aquela brutalidade que originou aquele desaire, (não sofrera, não senhor!) danos consideráveis na proporção, a não ser no lado direito dianteiro que ficou contorcido, como é natural, mas nem assim ficou tão destruido ou torcido, como os outros, particularmente o primeiro Uno a ser embatido.

O Uno 45 S proprietário do senhor Armando Luís da Silva Ferreira, de 25 anos, sofrera alguns danos apenas na porta.

De todo o «espectáculo» o senhor Afonso, saiu quase ileso, indo receber apenas tratamentos hospitalares a pequenas escoriações na testa e não tardou de regressar ao «palco dos acontecimentos», para rever o «espectáculo» que realizara e produzira, tendo ainda entrado no carro a ver se o mobilizava.

Todavia, o reboque «pronto-socorro», veio buscá-lo, por sua vez aos outros no patamar, depois da GNR de Felgueiras ter feito as respectivas mediações e tomado conhecimento da ocorrência.

Quanto ao senhor Afonso, no outro dia de manhã, ouvira calmamente os lesados e fez a respectiva participação ao seguro, como de resto só seria de fazer.

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O estado em que ficou o Fiat Uno


Texto e Fotos - Mário Adão M. de Magalhães

O Caso, 12.01.1990

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FAMÍLIA FICA NA MISÉRIA

LOUSADA

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O desespero de uma mãe que viu perder tudo quanto tinha

As fotografias já não podiam documentar aquela fatídica tragédia.

Chegámos ao local, e o edifício, que compunha uma churrascaria e duas habitações anexas, estava quase totalmente reduzido a escombros, já não existiam - parecia de facto, mais um desabamento que outra coisa! Até o recheio, eram montões de destroços e alguns materiais de metal contorcidos, que antes foram o equipamento daquela churrascaria e das habitações - humildes, com certeza, até pelo que se deduzia de tão assolada tragédia, assim tão consumada, que não mostrava mais que ser um efifício pouco moderno, pelo menos desactualizado.

Mesmo defronte da estação dos caminhos de ferro, Estação de Caíde, ali na pequena povoação de Cavou de Rei concelho de Lousada, na sua divisão com Felgueiras, quando eram cerca das quatro horas da manhã, a senhora pressentiu água a cair dos tubos de canalização - presume-se assim, que fossem de plástico e fossem derretidos, constacta, que a sua casa estava a arder, vindo a consumir todo o edifício composto de rés-do-chão, em toda a sua extensão, por sinal comprida, apenas ficando a parede trazeira, de pé, e o resto, apenas resíduos.

Quando ali chegámos, os Bombeiros Voluntários de Lousada, procediam ao rescaldo, na escuridão daquela madrugada. Os mirones ali presentes, comentavam o sucedido. Na escuridão da madrugada a mãe sentada ao lado dos filhitos envoltos em cobertores, representando o drama. Assim aconchegádos, se for este o termo - enquanto lamentava e conjecturava virada para nós, como se a pudessemos ajudar: «Foram com certeza os malandros, que têm andado por aí a pegar fogo às matas» - A chorar, obviamente, sem que a questionassemos - confiante certamente que ao trazermos esta reportagem a lume, alguém a compreenda, e ajude.

As crianças, impávidas, só se mexeram dos cobertores daquele improvisado leito, levantando as cabecitas, temendo, com certeza, o inofensivo Flash, possivelmente não se achando ali seguros. Na madrugada fresca, em que um fogo - (fogo quente, como se entende), gelara as suas vidas marcadas ainda mais, pela tragédia.

A inditosa senhora, mãe daquelas crianças, desabafava para nós, enquanto disparávamos o Flash, frases amarguradas, defronte «daquilo», que fora o seu lar e ganha pão.

Esta família vê ainda pior o seu futuro.

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O olhar assustado das duas jovens crianças


Mário Magalhães

O Caso, 13.10.1989

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Mediador Cultural

Bruno foi contratado para evitar conflitos no Hospital Dona Estefânia

As intervenções da polícia deram lugar à gestão cultural


É O ÚNICO em Portugal e, por sua causa, um cargo que não existia foi inventado. Mas Bruno Oliveira, de 24 anos, não gosta de falar na primeira pessoa. «Quando digo nós quero dizer eu...», explica, numa entrega plena ao papel de mediador cultural para os ciganos do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa.

Foi, aliás, a sua dedicação aos outros que convenceu a enfermeira Adelina Motta, de 49 anos, a confiar-lhe, desde 2003, a gestão das relações com a sua comunidade cigana.

«No âmbito de um protocolo que temos com escolas técnico-profissionais, o Bruno fez um estágio no hospital, em que demonstrou perfil para resolver conflitos», recorda Adelina. «Apesar de não termos a categoria de mediador cultural nos nosso quadros, percebi logo que seria uma óptima contratação».

Três anos depois, a aposta num auxiliar de acção médica nada convencional revela-se acertada: «Antes de chegada do Bruno, os problemas com ciganos eram diários. Queriam montar acampamentos no jardim, levavam as aves que tínhamos espalhadas no exterior, calçavam galochas e enfiavam-se dentro do lago para apanharem os peixes».

Agora, congratula-se a enfermeira, «aceitam melhor as regras da instituição, porque ouvem-nas da boca de alguém com a mesma cultura».

Os benefícios, avalia, medem-se no desaparecimento das agressões aos funcionários e expressam-se no sentimento de que «o Dona Estefânia é tão bom que até dá emprego aos ciganos».

A confiança, conquistada sobretudo nas urgências do hospital, substituiu as até aí recorrentes intervenções policiais. E, a médio prazo, acredita Bruno, «poderá apagar a imagem de causadores de distúrbios normalmente associada aos ciganos».

Segundo o mediador, a ideia de que são um povo anti-regras, «que entope as urgências e salas de espera dos hospitais», tem de dar lugar à consciência sobre as suas diferenças culturais. «Por questões de solidariedade familiar, quando um cigano é internado, os familiares mais próximos têm o dever de o acompanhar ao hospital», esclarece o mediador.

Na gestão de sensibilidades, Bruno disponibiliza o número de telemóvel, convence os mais resistentes entre tragos de café e recebe convites para aniversários e csasamentos. «Vêem em mim um representante», diz, com orgulho.


Sol, 01.12.2006

CASTEDO 15/4/1987

CARO AMIGO

EU Armando Augusto Seixas recebi oj e pelas 15 horas e 35 minutos uma carta registada em nome de Antonio da Purificação Seixas, meu pai por este se encontrar auzente.

Por coriosidade abri a carta e lia com a qual não fiquei nada satisfeito, pois vossa Ex fas umas ameassas nada meigas.

Gostava eu de saber por que motivo.

Meu pai mandou construir uma barraca em Março de 1982 com a duracão de 15 dias a partir de então passaram vossas Exs a mandar trimestalmente um verbetes modelo i.n.e. sobre os salarios da construção e obras publicas, mas esquecerão sempre de mandar envelopes e selos.

Talves vossa Ex não se emporte que o meu pai tenha que andar a pedir esmola ou fique um dia em cada tres meses sem comer pão para lhe devolver os verbetes que vsses em forma de gozo não parão de mandar pois mais de uma duzia de veses lhes mandarão dizer que Antonio da P. Seixas não é empreiteiro mas sim assalariado agricola, não sabe ler nem é jornalista para dar informações

Depois de Eu ler a vossa carta datada de 8/4/87 processo nº 2/636-A/87 falei com as pessoas que lião as cartas a meu pai pois Eu estava ausente e todas me disserão que sempre que eviavão os verbetes sempre mandarão dizer que o meu pai não era mestre de obras mas vosses insistirão a mandar esta porcaria e depois ameassão com multa, e quérem um bom fumcionamento nos trabalhos.

Desta forma nunca o conçeguirão pois o pessoal que ai trabalha está mais apto para guardar cabras que para garntir um bom funcionamento poi mais de 12 cartas que já mandarão prái e numca derão resposta nem fisérão caso.

Se tiverem alguma coisa a mandar devem mandalo para

Armando Augusto Seixas
rua: Da Barreira nº11
castedo
5165 Lousa

E nunca para Antonio da Porificação Seixas isto se não quiserem que a correspondençia vá parar ao fundo da gaveta.

E pesso-lhe que quando o pessoal não tiver qe fazer que vao chupar caramelos pra via norte e que deichem de mandar verbetes as pessoas erradas.

PEDE DEFERIMENTO

COM OS MELHORES COMPRIMENTOS

Armando Augusto Seixas


Carta recebida no Instituto Nacional de Estatística em 05.05.1987

A culpa deve ter sido da "menina"

Um atirador exímio na "G-3", que "não falha o alvo até cem metros", aponta para o pneu e acerta na cabeça do condutor

São 18 horas de 1 de Maio de 1990. Inês Ramalhete, uma viúva de 74 anos, moradora no Bairro da Encarnação, vai para as rezas do mês de Maria quando lhe surge um rapaz que, sem uma palavra, lhe põe uma mão no ombro, lhe tira a mala e desaparece. Miúdos que brincam por ali anotam a matrícula do carro em que o ladrão fugiu.

Na esquadra da PSP fica assente a queixa do roubo "por esticão" de uma mala de mão preta com 200 escudos e uns óculos bifocais. Também fica registado que o Fiat Tipo, matrícula UJ-26-76, no qual "o indivíduo, após consumado o facto, se pôs em fuga, não constava no ficheiro da PSP para apreender".

Na zona está uma brigada especial, "à civil", da Divisão de Trânsito, dirigida pelo subchefe Padrão. Com ele, num Fiat Abarth de grande cilindrada, estão Américo Oliveira, o "corredor", e Hélder Carvalho, o "atirador", o único com ordens para utilizar a G-3, ou "menina", como os polícias lhe chamam. Ao passar na rua Cidade de Matola, vêem o Fiat Tipo. "Nem precisámos de nos identificar para ele se pôr em fuga", conta Padrão. A perseguição ganha velocidade na zona de moradias dos Olivais, onde os polícias afirmam ter usado a sirene e o pirilampo luminoso. Acaba na Rua Cidade Porto Amélia, depois de todos os membros da brigada dispararem as suas armas.

Um morador diz que ouviu "de cinco a dez tiros". Houve no mínimo três: um rebentou o pneu direito traseiro do Fiat Tipo, outro deixou um projéctil cravado na janela de uma casa do lado esquerdo da rua, a escassos centímetros de uma criança, e outro perfurou o crânio do fugitivo. Na rua são unânimes: só perceberam que os três homens eram polícias quando se identificaram. Ninguém ouviu uma sirene e ninguém viu o "pirilampo".

Em Janeiro de 2001, na 2.ª Vara do Tribunal da Boa Hora, tem lugar a primeira audiência do julgamento que visa apurar responsabilidades na morte do condutor do Fiat Tipo, Rui Matias de Oliveira, 24 anos, um toxicodependente em cujo cadastro, sobretudo à conta de incursões nos haveres familiares, se encontram processos de cheques sem provisão, falsificações, pequenas burlas e o furto de um automóvel.

Ao longo de quase onze anos em que o processo ganhou volume e pó, o número de arguidos variou. A PJ chegou a imputar o crime aos três membros da brigada, mas só Carvalho se sentou no banco dos réus, acusado de homicídio qualificado (pena de 15 a 25 anos). Admitindo ser o autor do disparo fatal, Carvalho não admite que tenha sido fatal de propósito. Atirador exímio - todos os colegas e superiores chamados a depor afirmam "ser capaz de, com a G-3 na posição de tiro a tiro, pôr a bala onde quer, a cem metros" -, afirma que visava o outro pneu traseiro.

Só que a bala entrou pelo lado esquerdo da cabeça da vítima - "Ele devia estar a olhar para trás", aventam os polícias - e desapareceu com o seu rasto, ou seja, os fragmentos da zona occipital despedaçada pela sua saída que deveriam estar dentro da viatura. É que foi a mesma brigada que tomou conta da ocorrência e, após certificar a morte do ocupante, levou o Fiat Tipo para a esquadra de Santa Marta, onde foi "limpo" e até, confessa o arguido, aspirado.

Do processo consta o testemunho de um agente da PJ a quem Carvalho terá dito que "a bala foi parar à lixeira". O próprio desmente, como nega a afirmação do subchefe de que não lhe deu ordem para disparar nem para limpar o carro do morto.

Desmentidos e mentidos abundaram nas três sessões do julgamento em que acusação e defesa apresentaram os seus casos. Mas duas ou três coisas ficaram claras. Uma é que, seja quem for que deu a ordem, os três membros da brigada dispararam contra um fugitivo que não estava armado, não constituía perigo para terceiros nem para os agentes e conduzia um automóvel menos veloz que o dos perseguidores. "Gosto sempre de disparar", afirma Padrão. Outro facto que ficou claro é que é possível que uma brigada da PSP envolvida num homicídio possa tomar conta da ocorrência, "perder" provas e apresentar testemunhos contraditórios sem ser acusada de obstrução à justiça e perjúrio nem sofrer qualquer punição disciplinar permitindo até que o advogado de defesa, pago pela corporação, releve que, apesar do desaparecimento de parte da cabeça da vítima, "aqui não se tratou de decapitação".

Outra conclusão ainda é que, a crer nas palavras da representante do Ministério Público, que tem a seu cargo a acusação, quanto mais tempo passa entre um crime e o seu julgamento mais a pena deve ser atenuada. Porque "uma perseguição movida durante muitos anos passa a ser vingança e não justiça". Eis um perigo que não se corre com esta sentença.


DN, 07.03.2001

Tiroteio por causa de relógio maço de tabaco e isqueiro

QUATRO HOMENS DETIDOS DE MADRUGADA

Dois pedreiros, um desempregado e um ferreiro foram detidos a meio da madrugada de ontem por agentes da Polícia de Segurança Pública de Arroios, em Lisboa, numa acção aparatosa que provocou enorme ruído e acordou toda a vizinhança, soube o 24horas.

Testemunhas oculares afrimaram que os agentes da autoridade envolvidos na acção dispararam pelo menos três tiros de intimidação para o ar, num esforço para apanhar o grupo que roubara a um transeunte um relógio de pulso, um maço de cigarros e um isqueiro.

A altercação ocorreu cerca das 3h15 da madrugada, quando os quatro homens, de 22, 28, 29 e 44 anos, abordaram, agrediram e assaltaram em grupo um conferente de artigos de 21 anos.

Segundo fonte policial, o relógio roubado foi avaliado em 84 euros (16.800 escudos) e, na sequência da detenção dos quatro indivíduos envolvidos, foi devolvido ao seu legítimo proprietário.

Perante a tentativa de fuga dos quatro suspeitos, os agentes da polícia recorreram a tiros de intimidação, que foram disparados para o ar.

Esta táctica acabou por surtir efeito, uma vez que foram capturados os quatro indivíduos alegadamente envolvidos nos roubos.

A acção policial chegou ao fim sem que se registassem feridos.

Os detidos foram ontem presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.


24 horas, ??.01.2002

6.29.2007

UMA MORTE DESPOLETA O ESCÂNDALO

O VALE DO CENTRO HOSPITALAR DO VALE DE SOUSA

MENINA DE 3 ANOS MORRE POR QUÊ?

O Centro Hospitalar de Vale do Sousa, tem no decorrer da sua acção, que começou há sensivelmente três anos a servir Felguerias, suscitado graves desagrados a este ou aquele utente, mas tão habituados que estamos a isto, e nisto de saúde, quase não os temos realçado, e em conjunto com os utentes mais perto dali, que até conhecem melhor a ineficiência dos serviços, até por mais experiências.

Eis que um caso, e de morte, salta agora para a imprensa! Há dias, uma menina de três anos, foi observada na secção de Paredes daquele Centro Hospitalar, e queixando-se ainda, era de uma perna, foi encaminhada para a secção de Penafiel, para ser submetida a intervenção cirúrgica... Só que talvez porque não é(ra) filha de ministros, a intervenção como é normal nestes casos, era para ser daí a dias; talvez até porque ali se trabalhe «a dias» como já acontece noutros hospitais (!)

Num dia em que a criança estava mais birrenta, a mãe sai à rua para adquirir um objecto de brincar pretendido pela criança e ao regressar ouve que a filha estava a morrer, e operada que ia ser naquela tarde... Reconduzida ao Hospital de Paredes, a inditosa criancinha é transportada para o Hospital de S. João, onde falece.

É acusado pela família da criancinha, o Hospital de Penafiel, de aplicação de um medicamento injectável contra-indicado, que pode ter sido a causa de tão fatídico acontecimento e quando a enfermidade, parece que residia num dos membros inferiores da criancita. Aguarda-se ainda o resultado da autópsia, para Setembro (não esquecer que a época é de veraneio!) Quando será dado a conhecer à família que entretanto já sabe que a inditosa criança apresentava o corpito todo negro.

(imagem)

Saúde em Portugal: uma urgência sem «banco» que a acolha e resolva o mal!

É um exemplo concreto. E dos muitos que vão acontecendo nos hospitais deste País, um pouco deste ou daquele modo; política de Saúde portuguesa, com certeza – rima e vem sendo verdade!

Mas só ressaltam estes casos de morte... Que no entanto eu não fosse ser extenso, contar-lhe-ia aqui uma história, esta seria uma história, de pasmar de igual modo, e bem concreta, porque se foi passando comigo.

Fora transferido do Hospital de S. João, no Porto para ali, e depois de largas duas horas à espera no corredor numa coisa que chamavam maca, deixado pelos bombeiros, eu com tudo o que trouxera dos longos dias e fatídicos, não lhes digo horrorosos para não se arrepiarem, como sendo livros, alguma fruta e garrafas de água, que por sinal fora comprada no interior do Hospital no Porto, que então era assim permitido, e já as amigas canadianas envoltas num plástico para estreia daí a uns mesitos e alguns relatórios dos clínicos do Porto, tudo em cima de mim deixado, eu fora ali achado ao cabo de duas horas, talvez já fartos de me verem naquela situação algo inconfortável, e dali começo eu a decifrar o relatório que nem era entendido por aquele pessoal de serviço, que concluira que estava bom, eu que tivera a morte por pertinho, noutro caso até seria de ficar bem contente!

Portador que fora da mensagem e muito pior do meu estado, eu contrapus, mas sem valor, porque fora convidado a «dar um copo ao motorista» ao serviço daquele Centro Hospitalar, (!!!), o que obviamente aceitei, e porque tão só era vir para casa, pois se não! Como indicava que estava ‘melhor’, e até porque não ficaria ali a fazer nada – como disse o clínico, se não aceitasse tal proposta, pelo que por favor me era deixado ali ficar numa maca até ao outro dia de manhã para não dar entrada legal nos respectivos serviços.

Tal hospitalidade não só não me agradaria, como a insistência repisada da oferta do copo pelo motorista quando chegou ao pé de mim, fizeram que eu aceitasse vir embora onde sempre tinha quem melhor tentasse tratar de mim, ileso naquela maca.

Chegado a casa e servido o copo ao motorista, depois da estupefação dos meus familiares, de que eu estivera tão mal e fora recambiado assim para casa, foi feito um telefonema para o Hospital do Porto, que obviamente declinou responsabilidades, dizendo que me transferiu e não mandar enviar-me para casa!

Novo telefonema é feito, mas para o Hospital de Penafiel, e é por ali dito que ao outro dia regressasse ali, sendo assim, para ficar internado. E eu não me fiz tardar, de ambulância obviamente, e chegado ali, é dito, que se o colega do dia anterior, tinha dito que estava bem, e que me mandara para casa, não ia desfazer do que ele dissera, mesmo sem que, como o do dia anterior, me hajam consultado! E perante tal estupefação, explicavam os meus acompanhantes que fora mandado por fim ir ali daquela vez por um colega, mas mesmo assim foi contraposto, e disseram que voltasse ali no dia dezassete, estando no dia treze, eu achei ser de mais, dados os cuidados que eu tivera no Porto, mas me fui acalentando ali estendido, mas viria a ficar mais admirado, que era do mês seguinte... (!)

Pronto! Foi esta a recepção e cuidados que recebeu um doente em «cuidados extremos»!

Foi no nosso hospitalinho de Felgueiras que me foi acolhendo, onde por fim me hospitalizei mesmo sem que ali houvesse a especialidade, até que volto a Penafiel no dia predestinado, quando me é retirada, a tala de gesso, e começara a ir andando sem que uma radiografia ainda fosse tirada, e começara a fazer fisoterapia, que por infelicidade minha, viria a ser ali também quando pode ser, até que ao cabo de sete meses sensivelmente, decido consultar um conhecido especialista do Porto que me pediu as radiografias nunca tiradas e logo que me tiraram ali uma num instante, eu oiço dizer que teria de ser operado de novo porque o material de osteossíntese estava partido, e eu que andara ali o tempo todo, eu de mim, sou masoquista, para conseguir suportar toda aquela bagunça que quase tanto me afligia como o meu martírio físico, mas a dar gastos e ocupar os lugares de quem também precisava, e tinha pachorra para ser mal recebido nos tratamentos de fisioterapia, se mal tratado já era, e nem mesmo a médica responsável atendia quando os bombeiros se atrasassem uns cinco minutos, creio, comigo, que não foi só essa vez que fui atendido, para ser olhado apenas, sem que nada fosse examinado e nunca mandado ser radiografado para que se soubesse ao que me estavam a mexer. E partir ferros não é fácil!

E hoje pedaço disso ainda, depois de ter dispendido umas centenas de milhares de escudos e ir à medicina privada.

Por incompetência. Ineficiência dos serviços. Falta de vontade – ???

Será que já na altura se pretendia mostrar a ineficiencia e incompetência daquele Centro Hospitalar, dos seus clínicos, naquelas instalações para que fosse o edifício projectado para ser construído dentro dos mesmos meandros, como a ministra quer?

Foi essa a História em termos sucintos, duma situação fatídica de que ainda hoje padeço, e mesmo me fica nas marcas mentais, e que agora, só por tocar no assunto fugazmente, me fez alterar até mesmo a síntese deste apontamento que me enjoou que não posso deixar de mostrar o meu repúdio, que estava a deixar para altura mais oportuna e com repercussões graves que eu vou tentar reflectir, perante tão macabras pessoas que têm a nossa saúde nas mãos deles! E isto a propósito duma morte.


Mário Adão Mendes de Magalhães

O Caso, 01.09.1989

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EM QUARTEL DE BOMBEIROS SOCORRE-SE A «PÉ»!

É verdade!

Se um dia, ao chamar os bombeiros, estes depois do alarme lhe forem ao encontro passados largos minutos... não se admire!

Isto porque há bombeiros e bombeiros, a fazer lembrar aquelas estrofes que o Paco Bandeira canta: «Há ciganos e ciganos (...)». Mas o facto é que estes por vezes são humanistas.

E que ao alarme para sair uma viatura para o socorrer, sucede-se uma «conferência» entre quem vai e não vai.

Enquanto voce, espera!...

E por fim, pode muito «bem» ir a viatura tripulada apenas pelo motorista, que fará simultâneamente de maqueiro e socorrista...

Isto, claro, porque uma (má) boa dúzia de outros homens, deleitam-se ali afagados pelos goles de cerveja e gritos eufóricos! E a ver no intervalo dum filme no televisor: «SE CONDUZIR NÃO BEBA» porque «SE FOR A SÉRIO É UM CASO SÉRIO»...

Causídicos, dum bonito exemplo, e de iguais repercussões, como se seja!!!

E se um dos homens durante a noite de piquete, necessitar de socorro – sim, porque ninguém está livre? – far-se-á chegar ao hospital a pé! Como aconteceu há tempos, numa madrugada...

Entretanto se você vai habitualmente aos serviços clínicos – e tem de ali estar a horas, com certeza já lhe aconteceu, chegar a horas... mas tardias! E até perder o tratamento por «Abuso de chegar tarde».

Pelo menos comparece! (E é-lhe pago o serviço).

Mas se felizmente, nesse dia houver só o seu serviço para determinado destino, prepare-se para esperar até à próximo... Se entretanto na prestação dos serviços clínicos ainda o aceitarem... Isto porque você aguardava que o fossem buscar – mas «não puderam, houveram muitos serviços» – é-lhe dito posteriormente.

Enquanto o serviço ulterior, foi apanhar sol e afagar-se nuns goles de cerveja, enquanto se rói na casaca... como as mulheres linguareiras de rua!

Como se você – ou antes, a (in)segurança Social – em seu nome, e todos nós, não pagássemos.(...)

E dizem-se voluntários!!!(Os de Felgueiras)...

Seria bom que se soubesse que se assumindo (voluntários), acreditámos neles! – Mas nem a pagar...!

Porque gostámos imenso dos B.V.F. e desde miúdinho, sentimos um incalculável orgulho e simpatia por estes, reportámos aqui este caso, para evitar acontecer agravamento noutros ou trazer-se a lume, de resto um fogo, que difícl de apagar se tornaria, na dignificada corporação, tão ilustre e dedicada (quiçá por algun(s) efectivo(s) menos escrupuloso(s)).


Mário Adão Mendes de Magalhães – Felgueiras

O Caso, 1989 ?

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5.30.2007

Pretensão. [Sentenças Ocas].

Filosofia. [Filosofia sem Privilégios]. Filosofia das Ciências. [Realismo hipotético, pluralismo sem anarquia.] Filosofia das Ciências do Artificial. [À procura da prótese perdida da Máquina de Turing e das Tartarugas de Walter.] Um epitáfio em construção pelos grandes esquecimentos (do corpo, do mundo, dos outros). E todas as outras coisas de todos os dias, os banais e os outros.
Editor: Porfírio Silva

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